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terça-feira, 25 de março de 2008

Os alunos que riem e profs que calam

Os alunos da Secundária Carolina Michaëlis que se riam da confrontação da colega com a professora são mal formados? É um caso de bullying? Interrogações e protestos abundam nos jornais, na Internet, nas televisões, desde que se conheceu o vídeo. "Dá-me o telemóvel, já!" - exigia a Patrícia, 15 anos, o corpo crescendo sobre a figura franzina da "velha", na categorização de um aluno.

Docente do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho e investigadora do fenómeno de bullying (processo continuado e sistemático de agressões e/ou humilhações), Ana Tomás de Almeida critica a "dramatização" do caso. As imagens impulsionam a "não desculpar uma situação daquelas", mas devemos ter em conta que é "empolgada por circunstâncias" inexplicadas. Não sabemos o que aconteceu, o que a precipitou. Algo teria irritado a docente em relação à turma ou à aluna? Ou vice-versa?

Não diabolizar

"Não podemos diabolizar uma aluna, uma professora, uma turma. Seria injusto para as pessoas que protagonizaram a cena que foi filmada" e que ganhou grande visibilidade com a colocação do vídeo no You Tube e profusa replicação em sites, blogues e televisões.

Problema de ciberbullying (humilhação através da Internet)? "Não há quaisquer indícios de que se trate de um caso de bullying" e "os dados sobre ciberbullying envolvendo professores e alunos são muito baixos em Portugal - 2 a 3%, contra os 5 a 6% na Europa", diz.

Em foco, o comportamento dos alunos. "Os processos de grupo explicam a agressividade e a tensão dos miúdos. Há ali mecanismos de contágio que são normais. Aquele riso é de contágio, mas também é de nervosismo. Há tendência (entre intervenientes) para minimizar a situação, porque 'foi tudo na brincadeira', o que ajuda ao crescendo e explica que ninguém faça nada e que a tensão aumente".

Adolescentes descontrolados? "Há situações em que adultos também assistem a agressões gratuitas e também não intervêm", nota. "Não são coisas de miúdos; são coisas que acontecem até em situações laborais, de assédio moral no emprego, de colegas que assistem e nada fazem".Até com o bullying na escola. Professores "são muitas vezes espectadores e muitas vezes nada fazem. Há os que apoiam os agressores e há os que defendem as vítimas. Uma em cada duas vítimas diz que não conta com o apoio dos professores - o que é muito", observa.

Acontece que o caso galgou a privacidade da sala. Estudiosa dos usos de novas tecnologias pelos jovens, Ana Tomás de Almeida diz que elas comportam "oportunidades e riscos", mas não crê que o factor tecnológico o tenha agravado. Os alunos que admitem ser agressores não são os que mais registam e divulgam a agressão. Os que captam imagens são espectadores (tem a ver com os papéis no grupo) que dispõem de novas plataformas (blogues, sites de imagens…) para divulgar os acontecimentos do dia. Com que intenção? Na maioria, mera divulgação. Nuns "zero vírgula qualquer coisa", o intuito é a ofensa e a humilhação das pessoas.

O sucedido mostra a "necessidade de apostar na educação para os Media, de explicar as consequências da exposição", diz. "Não sei se à pessoa que colocou o vídeo na Internet passaria pela cabeça que atingiria estas proporções". Ou os efeitos, como o pretexto para mais ataques à escola pública ou sustentar que é insegura.
Fonte: JN

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Artigo de opinião


O MP3 e o telemóvel como ferramentas pedagógicas

Hoje todos os professores têm como formação inicial um curso superior seguido de um estágio pedagógico que pode ser integrado ou não. Todos seguiram na Universidade a via de ensino, em ramos especializados. Resta saber se foram para esta via por vocação ou por falta de alternativas.
Saem classificados com uma média final que resulta das classificações dadas pelos vários professores das disciplinas nos vários anos do curso (nota académica) a que se junta a nota dada pelo professor orientador de estágio. Durante estes anos aprendem também a usar as novas tecnologias para fazer delas ferramentas pedagógicas importantes na sala de aula.
As notas distribuem-se pela escala, como sempre, e é por essas que é feita a colocação. Alguns colocam-se sem dificuldade, outros passam anos à espera de lugar ou vão tendo colocações esporádicas a substituir grávidas e doentes. Milhares ficam sem colocação.
Há professores que colocados ou não continuam a estudar e a interessar-se por melhorar as suas práticas. Alguns são sensíveis ao pulsar do seu tempo, às características da escola de hoje, do aluno de hoje, da comunidade que o envolve hoje.
O professor actual tem de ter esta atitude na sociedade de mudança que nos envolve.
A este propósito posso referir o exemplo da professora Adelina Moura de Braga que foi entrevistada pelo jornalista Jorge Fiel para o DN no dia 7 de Dezembro. Contou que está a fazer uma experiência com 30 alunos do 11º ano, ramo profissionalizante e que já deu uma aula online, a partir de casa, com os alunos espalhados por cafés e outros locais. É o conceito da escola nómada a ser posto em prática. Disse coisas como esta: "o telemóvel e os MP3 são ferramentas de ensino mais usadas que o papel e o lápis" ou " os alunos são nados digitais, nós somos estrangeiros digitais" ou ainda " a aula de português anda na bolso dos meus alunos". Deu os endereços de dois blogues: paepica.blogspot.com e choqueefaisca.blospot.pt. Falou também de O Princepezinho em podcast que pode encontrar-se em discursodirecto.podmatic.com e de exercícios de escolha múltipla e palavras cruzadas para descarregar no telemóvel em geramovel.wirenode.mobi e outros ainda.
Esta professora é uma excepção nesta área e, por enquanto, apenas faz uma experiência com 30 alunos, não sei se este projecto seria exequível pelos professores comuns que têm cinco, seis ou sete vezes mais e muitos outros trabalhos para fazer. Seria bom que ela abrisse as aulas para os outros aprenderem na prática e faço votos que não a desviem para fazer conferências "em seco" que só cansam e cumprem calendário.
Todos os professores têm de compreender que o aluno tem que ser ensinado de acordo com o seu tempo e a sua vivência.

in Expresso (Joviana Benedito Profª. aposentada do Ensino Sec. e autora)