Queríamos ver a ministra a preocupar-se com a violência nas escolas. Como dizem os especialistas, o primeiro passo para a cura é admitir o problema.
O Procurador-geral da República revelou que o Ministério Público está a investigar «algumas dezenas» de casos de violência nas escolas. Declarações que surgem dias depois de Pinto Monteiro também ter alertado que em algumas escolas «formam-se pequenos gangs que depois transitam para gangs de bairro, armados e perigosos».
O PGR não tem dúvidas: «A violência nas escolas existe e tem contornos preocupantes».
O Secretário de Estado da Educação reagiu e contrariou esta preocupação, dizendo que a violência das escolas vem de fora dos estabelecimentos de ensino e que «os incidentes de violência e indisciplina ocorrem apenas em 7% das escolas».
Com base nesta pequena percentagem, este governante diz não perceber o mediatismo dado pela imprensa a certos casos. Na mesma linha de pensamento, a ministra fala em «oportunismo político» e insurge-se contra a oposição. Mas será que ninguém ouve os professores quando estes dizem que casos como o que aconteceu na Escola Secundária Carolina Michaelis são «frequentes», habituais e quase sempre calados por medo, por silêncios impostos pela inoperância dos conselhos que se dizem executivos das escolas?
Referindo-se a uma outra situação de violência amplamente divulgada no final de 2007, a ministra da Educação garantia que «a escola portuguesa é um espaço seguro» e que não existem razões para «preocupação excessiva» sobre a violência e indisciplina por parte de alguns alunos.
Questionada sobre se há escolas que estão entregues a alunos mais violentos, como já na altura o Procurador Geral da República denunciava, a ministra foi clara: «De maneira nenhuma. Isso é uma caricatura».
Mais do que ver a ministra a defender os professores e/ou outros funcionários das escolas [isso poderia significar um recuo e este Governo não é de recuos], queríamos ver a ministra a preocupar-se com a violência nas escolas. Porque ela existe. Como dizem os especialistas, o primeiro passo para a cura é admitir que existe um problema.
Fonte: Portugal Diário
sexta-feira, 28 de março de 2008
Sra. ministra, preocupe-se
Etiquetas: Violência escolar
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Artigo de opinião
O MP3 e o telemóvel como ferramentas pedagógicasHoje todos os professores têm como formação inicial um curso superior seguido de um estágio pedagógico que pode ser integrado ou não. Todos seguiram na Universidade a via de ensino, em ramos especializados. Resta saber se foram para esta via por vocação ou por falta de alternativas.
in Expresso (Joviana Benedito Profª. aposentada do Ensino Sec. e autora)
Saem classificados com uma média final que resulta das classificações dadas pelos vários professores das disciplinas nos vários anos do curso (nota académica) a que se junta a nota dada pelo professor orientador de estágio. Durante estes anos aprendem também a usar as novas tecnologias para fazer delas ferramentas pedagógicas importantes na sala de aula.
As notas distribuem-se pela escala, como sempre, e é por essas que é feita a colocação. Alguns colocam-se sem dificuldade, outros passam anos à espera de lugar ou vão tendo colocações esporádicas a substituir grávidas e doentes. Milhares ficam sem colocação.
Há professores que colocados ou não continuam a estudar e a interessar-se por melhorar as suas práticas. Alguns são sensíveis ao pulsar do seu tempo, às características da escola de hoje, do aluno de hoje, da comunidade que o envolve hoje.
O professor actual tem de ter esta atitude na sociedade de mudança que nos envolve.
A este propósito posso referir o exemplo da professora Adelina Moura de Braga que foi entrevistada pelo jornalista Jorge Fiel para o DN no dia 7 de Dezembro. Contou que está a fazer uma experiência com 30 alunos do 11º ano, ramo profissionalizante e que já deu uma aula online, a partir de casa, com os alunos espalhados por cafés e outros locais. É o conceito da escola nómada a ser posto em prática. Disse coisas como esta: "o telemóvel e os MP3 são ferramentas de ensino mais usadas que o papel e o lápis" ou " os alunos são nados digitais, nós somos estrangeiros digitais" ou ainda " a aula de português anda na bolso dos meus alunos". Deu os endereços de dois blogues: paepica.blogspot.com e choqueefaisca.blospot.pt. Falou também de O Princepezinho em podcast que pode encontrar-se em discursodirecto.podmatic.com e de exercícios de escolha múltipla e palavras cruzadas para descarregar no telemóvel em geramovel.wirenode.mobi e outros ainda.
Esta professora é uma excepção nesta área e, por enquanto, apenas faz uma experiência com 30 alunos, não sei se este projecto seria exequível pelos professores comuns que têm cinco, seis ou sete vezes mais e muitos outros trabalhos para fazer. Seria bom que ela abrisse as aulas para os outros aprenderem na prática e faço votos que não a desviem para fazer conferências "em seco" que só cansam e cumprem calendário.
Todos os professores têm de compreender que o aluno tem que ser ensinado de acordo com o seu tempo e a sua vivência.
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