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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

I Conferência do Plano Nacional de Leitura - destaques

O destaque do 1.º dia vai para o discurso de abertura em que José Sócrates que definiu metas para 2007/2008, afirmando que "no fim deste ano lectivo a rede de bibliotecas escolares abrangerá toda a rede de escolas públicas básicas, e os investimentos necessários serão de cinco milhões de euros". O primeiro-ministro especificou que o Ministério da Educação vai investir 1,5 milhões de euros no apetrechamento de bibliotecas com livros, e que as autarquias investirão outros 1,5 milhões de euros para o mesmo fim. Quanto a objectivos, o governante afirmou que vai ser concluída a rede de bibliotecas nas escolas básicas, com a construção das 130 que faltam.
"No fim do ano lectivo todas as escolas sede de agrupamento estarão apetrechadas e nos novos centros escolares a valência centro de recursos e biblioteca vai ser obrigatória", acrescentou. No que respeita às escolas secundárias, nas quais o Governo pretende igualmente consolidar a rede, José Sócrates afirmou serem 17 os estabelecimentos de ensino que ainda não têm bibliotecas renovadas.
Fazendo um balanço do PNL, o primeiro-ministro considerou que a rede de bibliotecas "é um programa bem sucedido", que não se limita às instalações, contando também com "professores dedicados e actividades pedagógicas".
Envolvendo escolas de todos os níveis de ensino, nos últimos 10 anos foram criadas 1.880 bibliotecas, 847 no primeiro ciclo e 1.033 nas restantes, tendo sido investidos 33,5 milhões em recurso técnicos e docentes.
José Sócrates sublinhou ainda que, no âmbito da rede de bibliotecas, trabalham actualmente em todo o país nos serviços centrais 12 técnicos e 32 professores, e no ensino básico e secundário 347 professores a tempo inteiro.
Quanto a investimentos, o chefe do Governo, disse que no ano lectivo 2006/2007 foram aplicados 1,5 milhões de euros em livros para as bibliotecas e que a Fundação Calouste Gulbenkian contribuiu com 150 mil euros.

Quanto à Ministra da Educação destacou o facto dos estudos realizados sobre hábitos de leitura em Portugal revelaram um "grande progresso nos últimos anos", salientando, no entanto, a necessidade de concluir a rede de bibliotecas escolares. Para se manterem esses “progressos”, a ministra frisou a necessidade na continuidade da promoção dos hábitos de leitura, quer através do PNL e da rede de bibliotecas escolares. Maria de Lurdes Rodrigues recusou a ideia de falta de recursos e investimento para aumentar os hábitos de leitura, salientando a necessidade de estímulos à leitura, nomeadamente através do aproveitamento das bibliotecas escolares pelo sistema de ensino e da actualização das bibliotecas. Quanto aos estudos desenvolvidos pelo PNL, a ministra referiu a sua importância no acompanhamento dos hábitos de leitura durante os próximos anos. Na sua apresentação, a governante salientou o trabalho desenvolvido pela equipa da rede de bibliotecas escolares, desejando que o espírito desta equipa seja também o do grupo do PNL. De acordo com a ministra, este trabalho foi possível devido a quatro factores: espírito de missão por parte da equipa; metodologia de envolvimento com escolas, autarquias e outros agentes; persistência; e a noção de bibliotecas como um espaço de referência numa escola.

Em destaque esteve ainda, a comissária do PNL, Isabel Alçada, fez uma antecipação de como será Portugal no dia em que se completarem os objectivos do plano. Na sua opinião, os portugueses serão "ávidos e competentes" no consumo de leitura e Portugal terá uma "grande pujança" na área da literatura, com mais escritores e uma política editorial mais forte, entre outras características.
Fonte: Público e Lusa

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Artigo de opinião


O MP3 e o telemóvel como ferramentas pedagógicas

Hoje todos os professores têm como formação inicial um curso superior seguido de um estágio pedagógico que pode ser integrado ou não. Todos seguiram na Universidade a via de ensino, em ramos especializados. Resta saber se foram para esta via por vocação ou por falta de alternativas.
Saem classificados com uma média final que resulta das classificações dadas pelos vários professores das disciplinas nos vários anos do curso (nota académica) a que se junta a nota dada pelo professor orientador de estágio. Durante estes anos aprendem também a usar as novas tecnologias para fazer delas ferramentas pedagógicas importantes na sala de aula.
As notas distribuem-se pela escala, como sempre, e é por essas que é feita a colocação. Alguns colocam-se sem dificuldade, outros passam anos à espera de lugar ou vão tendo colocações esporádicas a substituir grávidas e doentes. Milhares ficam sem colocação.
Há professores que colocados ou não continuam a estudar e a interessar-se por melhorar as suas práticas. Alguns são sensíveis ao pulsar do seu tempo, às características da escola de hoje, do aluno de hoje, da comunidade que o envolve hoje.
O professor actual tem de ter esta atitude na sociedade de mudança que nos envolve.
A este propósito posso referir o exemplo da professora Adelina Moura de Braga que foi entrevistada pelo jornalista Jorge Fiel para o DN no dia 7 de Dezembro. Contou que está a fazer uma experiência com 30 alunos do 11º ano, ramo profissionalizante e que já deu uma aula online, a partir de casa, com os alunos espalhados por cafés e outros locais. É o conceito da escola nómada a ser posto em prática. Disse coisas como esta: "o telemóvel e os MP3 são ferramentas de ensino mais usadas que o papel e o lápis" ou " os alunos são nados digitais, nós somos estrangeiros digitais" ou ainda " a aula de português anda na bolso dos meus alunos". Deu os endereços de dois blogues: paepica.blogspot.com e choqueefaisca.blospot.pt. Falou também de O Princepezinho em podcast que pode encontrar-se em discursodirecto.podmatic.com e de exercícios de escolha múltipla e palavras cruzadas para descarregar no telemóvel em geramovel.wirenode.mobi e outros ainda.
Esta professora é uma excepção nesta área e, por enquanto, apenas faz uma experiência com 30 alunos, não sei se este projecto seria exequível pelos professores comuns que têm cinco, seis ou sete vezes mais e muitos outros trabalhos para fazer. Seria bom que ela abrisse as aulas para os outros aprenderem na prática e faço votos que não a desviem para fazer conferências "em seco" que só cansam e cumprem calendário.
Todos os professores têm de compreender que o aluno tem que ser ensinado de acordo com o seu tempo e a sua vivência.

in Expresso (Joviana Benedito Profª. aposentada do Ensino Sec. e autora)