De acordo com o estudo "Os Estudantes e a Leitura", realizado pela Universidade Católica, a indefinição política é mais notória nos alunos do ensino secundário com menor gosto pela leitura, sendo mais vincada nas raparigas do que nos rapazes.
Entre os que gostam menos de ler, 58,9 por cento dos rapazes e 77,2 por cento das raparigas não responderam à questão relacionada com a sua orientação política.
Já entre os jovens que manifestaram maior apetência pelos livros a percentagem dos que não responderam baixa cerca de dez pontos, passando a situar-se nos 49 e 67 por cento, respectivamente.
A indefinição [política] é tanto maior quanto menos se gosta de ler. Entre os alunos que indicaram a sua posição ideológica, nota-se uma relação entre o maior gosto pela leitura e a preferência pela esquerda ou centro-esquerda e, por oposição, uma ligação mais estreita entre menores hábitos de leitura e a direita ou centro-direita. No caso dos rapazes, o nível de apetência pela leitura decresce à medida que se passa da esquerda e centro-esquerda (ambos com 23 por cento) para o centro (21 por cento) e deste para o centro-direita (20 por cento) e direita (15). No que diz respeito às raparigas, as que têm mais gosto de ler posicionam-se sobretudo ao centro (49 por cento) e na área do centro-esquerda (45 por cento), tendo menor apetência pela leitura nos dois extremos do espectro político e no centro-direita.
Relativamente ao gosto e hábitos de leitura entre os alunos diminuem à medida que estes avançam no sistema de ensino, de acordo com um estudo da Universidade Católica que será apresentado hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Encomendada pelo Ministério da Educação e realizada com base em cerca de 24 mil inquéritos a alunos de 237 escolas de todos os ciclos de ensino, a pesquisa "Os Estudantes e a Leitura" revela que, a partir do 2º ciclo, quanto mais elevado é o nível de escolaridade, menor é o tempo que os alunos dedicam por dia a livros não escolares, jornais e revistas.
No segundo ciclo, só 4,4 por cento das crianças afirmam não despender qualquer momento do seu dia nesta actividade, uma percentagem que aumenta exponencialmente para os 22 por cento no 3º ciclo e os 22,9 por cento no ensino secundário.
Por oposição, a percentagem de alunos que afirmam ler diariamente entre meia-hora e uma hora cai dos 52 por cento no 2º ciclo para os 40 por cento no terceiro, atingindo o valor mais baixo no secundário, com apenas 37 por cento.
Também o número de leitores mais dedicados, que despendem diariamente mais de duas horas a esta actividade, decresce com o avançar da escolaridade, passando de 8,4 por cento no 2º ciclo, para oito por cento no 3º e para apenas 6,2 por cento no secundário.
No entanto, a influência dos professores na leitura regista, curiosamente, uma tendência inversa, já que aumenta com o nível de escolaridade, passando dos 10 por cento no segundo ciclo para os 11 por cento no terceiro e para os 13 por cento no secundário.
Ou seja, à medida que o papel dos docentes na recomendação de livros ganha importância, diminui o tempo dedicado à leitura, mesmo de obras não escolares, bem como o divertimento associado à actividade.
"Os alunos que gostam mais de ler foram aqueles que mencionaram ter sido menos incentivados à leitura pelos seus professores. Esta análise pode sugerir que mandar ler (...) pode não contribuir para aumentar o prazer que se retira da leitura", aponta o documento, numa referência específica ao segundo ciclo.
A diminuição do tempo dedicado à leitura poderá justificar-se com o decréscimo do prazer que os alunos retiram da leitura com o avançar dos anos de escolaridade. Assim, 54 por cento dos alunos do segundo ciclo afirmam retirar grande divertimento desta actividade, um valor muito superior ao registado no 3º ciclo e no secundário, onde não vai além dos 38 por cento e dos 31 por cento, respectivamente.
"A percentagem de alunos que dizem gostar de ler diminui à medida que se avança no ano de escolaridade que frequentam", refere o estudo, salientando que "a passagem dos anos afecta mais o gosto pela leitura nos alunos do que nas alunas".
Da mesma forma, a frequência das bibliotecas escolares também regista uma quebra com o aumento do nível de ensino, sendo os mais pequenos os que mais procuram estes espaços.
Os alunos que confessam nunca ir à biblioteca da escola aumentam de forma linear entre o 2º ciclo (11 por cento) e o 3º ciclo (18 por cento), assim como deste nível de ensino para o secundário (24,5 por cento).
Fonte: Lusa
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Plano Nacional de Leitura - balanço da Conferência
Etiquetas: Alunos, Escolas, Pais, Professores
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Artigo de opinião
O MP3 e o telemóvel como ferramentas pedagógicasHoje todos os professores têm como formação inicial um curso superior seguido de um estágio pedagógico que pode ser integrado ou não. Todos seguiram na Universidade a via de ensino, em ramos especializados. Resta saber se foram para esta via por vocação ou por falta de alternativas.
in Expresso (Joviana Benedito Profª. aposentada do Ensino Sec. e autora)
Saem classificados com uma média final que resulta das classificações dadas pelos vários professores das disciplinas nos vários anos do curso (nota académica) a que se junta a nota dada pelo professor orientador de estágio. Durante estes anos aprendem também a usar as novas tecnologias para fazer delas ferramentas pedagógicas importantes na sala de aula.
As notas distribuem-se pela escala, como sempre, e é por essas que é feita a colocação. Alguns colocam-se sem dificuldade, outros passam anos à espera de lugar ou vão tendo colocações esporádicas a substituir grávidas e doentes. Milhares ficam sem colocação.
Há professores que colocados ou não continuam a estudar e a interessar-se por melhorar as suas práticas. Alguns são sensíveis ao pulsar do seu tempo, às características da escola de hoje, do aluno de hoje, da comunidade que o envolve hoje.
O professor actual tem de ter esta atitude na sociedade de mudança que nos envolve.
A este propósito posso referir o exemplo da professora Adelina Moura de Braga que foi entrevistada pelo jornalista Jorge Fiel para o DN no dia 7 de Dezembro. Contou que está a fazer uma experiência com 30 alunos do 11º ano, ramo profissionalizante e que já deu uma aula online, a partir de casa, com os alunos espalhados por cafés e outros locais. É o conceito da escola nómada a ser posto em prática. Disse coisas como esta: "o telemóvel e os MP3 são ferramentas de ensino mais usadas que o papel e o lápis" ou " os alunos são nados digitais, nós somos estrangeiros digitais" ou ainda " a aula de português anda na bolso dos meus alunos". Deu os endereços de dois blogues: paepica.blogspot.com e choqueefaisca.blospot.pt. Falou também de O Princepezinho em podcast que pode encontrar-se em discursodirecto.podmatic.com e de exercícios de escolha múltipla e palavras cruzadas para descarregar no telemóvel em geramovel.wirenode.mobi e outros ainda.
Esta professora é uma excepção nesta área e, por enquanto, apenas faz uma experiência com 30 alunos, não sei se este projecto seria exequível pelos professores comuns que têm cinco, seis ou sete vezes mais e muitos outros trabalhos para fazer. Seria bom que ela abrisse as aulas para os outros aprenderem na prática e faço votos que não a desviem para fazer conferências "em seco" que só cansam e cumprem calendário.
Todos os professores têm de compreender que o aluno tem que ser ensinado de acordo com o seu tempo e a sua vivência.
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