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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Provas de Química de 2006 podem ditar indemnizações

Os acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo que, em Setembro, declararam ilegais normas que permitiram a repetição de exames a alunos do 12.º ano em 2005/06, poderão fundamentar pedidos de indemnização ao Estado, segundo o advogado de dois alunos que recentemente viram transitar em julgado sentenças favoráveis nas acções que moveram ao Ministério da Educação."Ao não ter tido um comportamento lúcido, o Estado arriscou ser vítima de pesadas acções indemnizatórias", disse José Pais do Amaral. O advogado recordou um caso similar ocorrido em Inglaterra, em que estava envolvido um número muito elevado de pessoas e que obrigou a uma alteração orçamental para que o Estado pudesse pagar as indemnizações decretadas pelo Tribunal. As decisões do supremo, com datas de 14 e 19 de Setembro, foram o epílogo de um processo motivado por normas de excepção adoptadas pelo Ministério, que permitiu aos alunos que tinham feito as provas da 1.ºfase em 2006 a repetição dos exames na 2.ª fase, concorrendo às vagas da 1.ª fase de acesso ao superior. As queixas baseavam-se no facto de os alunos que tinham anteriormente decidido fazer a prova apenas na segunda fase - mais de 10 mil, dos quais uma dezana processou o Estado -não terem sido beneficiados com a mesma oportunidade adicional, pelo que a decisão da tutela terá significado uma desigualdade no tratamento dos estudantes.
Fonte: DN

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Artigo de opinião


O MP3 e o telemóvel como ferramentas pedagógicas

Hoje todos os professores têm como formação inicial um curso superior seguido de um estágio pedagógico que pode ser integrado ou não. Todos seguiram na Universidade a via de ensino, em ramos especializados. Resta saber se foram para esta via por vocação ou por falta de alternativas.
Saem classificados com uma média final que resulta das classificações dadas pelos vários professores das disciplinas nos vários anos do curso (nota académica) a que se junta a nota dada pelo professor orientador de estágio. Durante estes anos aprendem também a usar as novas tecnologias para fazer delas ferramentas pedagógicas importantes na sala de aula.
As notas distribuem-se pela escala, como sempre, e é por essas que é feita a colocação. Alguns colocam-se sem dificuldade, outros passam anos à espera de lugar ou vão tendo colocações esporádicas a substituir grávidas e doentes. Milhares ficam sem colocação.
Há professores que colocados ou não continuam a estudar e a interessar-se por melhorar as suas práticas. Alguns são sensíveis ao pulsar do seu tempo, às características da escola de hoje, do aluno de hoje, da comunidade que o envolve hoje.
O professor actual tem de ter esta atitude na sociedade de mudança que nos envolve.
A este propósito posso referir o exemplo da professora Adelina Moura de Braga que foi entrevistada pelo jornalista Jorge Fiel para o DN no dia 7 de Dezembro. Contou que está a fazer uma experiência com 30 alunos do 11º ano, ramo profissionalizante e que já deu uma aula online, a partir de casa, com os alunos espalhados por cafés e outros locais. É o conceito da escola nómada a ser posto em prática. Disse coisas como esta: "o telemóvel e os MP3 são ferramentas de ensino mais usadas que o papel e o lápis" ou " os alunos são nados digitais, nós somos estrangeiros digitais" ou ainda " a aula de português anda na bolso dos meus alunos". Deu os endereços de dois blogues: paepica.blogspot.com e choqueefaisca.blospot.pt. Falou também de O Princepezinho em podcast que pode encontrar-se em discursodirecto.podmatic.com e de exercícios de escolha múltipla e palavras cruzadas para descarregar no telemóvel em geramovel.wirenode.mobi e outros ainda.
Esta professora é uma excepção nesta área e, por enquanto, apenas faz uma experiência com 30 alunos, não sei se este projecto seria exequível pelos professores comuns que têm cinco, seis ou sete vezes mais e muitos outros trabalhos para fazer. Seria bom que ela abrisse as aulas para os outros aprenderem na prática e faço votos que não a desviem para fazer conferências "em seco" que só cansam e cumprem calendário.
Todos os professores têm de compreender que o aluno tem que ser ensinado de acordo com o seu tempo e a sua vivência.

in Expresso (Joviana Benedito Profª. aposentada do Ensino Sec. e autora)