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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Comentário do presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática - Novo programa de Matemática do Básico está mais razoável mas mantém problemas

O presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), Nuno Crato, considera que o programa da disciplina para o ensino básico agora homologado pelo Ministério da Educação é mais razoável que a versão preliminar, mas mantém algumas críticas.O Ministério da Educação anunciou que o secretário de Estado Valter Lemos homologou e colocou “on-line” o Programa de Matemática do Ensino Básico, depois de este documento ter estado em discussão pública entre Julho e Outubro de 2007.“Os erros mais gritantes do documento preliminar foram corrigidos”, afirmou Nuno Crato, em declarações à Lusa, considerando que a versão agora aprovada é “mais razoável” que a colocada em consulta pública.Apesar da melhoria verificada, o presidente da SPM considera que se poderia ter avançado mais, que “deviam ter sido introduzidas mais correcções do que as que foram” consideradas.Como tal, Nuno Crato mantém três críticas principais ao programa de matemática para o ensino básico. Concretamente, o facto de “não haver um roteiro preciso do conhecimento e capacidades que os alunos devem adquirir ano a ano, nem um destaque claro para os algoritmos [método e anotação das diversas operações e processos de calcular] e uma insistência na máquina de calcular”.Restrições ao uso da máquina de calcularNo caso da calculadora, o presidente da SPM considerou que o programa homologado “é mais comedido”, na medida em que ficou realçada a importância do uso do aparelho “mas com restrições”, ou seja, “não há uma apologia clara do seu uso”.No entanto, sublinhou, “essas limitações não são muito claras e isso é preocupante”.No caso dos algoritmos, Nuno Crato refere que tem havido “grande resistência ao ênfase no domínio dos algoritmos tradicionais”.O presidente da SPM reconhece que no actual programa, que substitui o documento em vigor desde 1991, “essa resistência aparece muito mais vaga, mas continua a não ser dada a importância devida”.
Fonte: Público

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Artigo de opinião


O MP3 e o telemóvel como ferramentas pedagógicas

Hoje todos os professores têm como formação inicial um curso superior seguido de um estágio pedagógico que pode ser integrado ou não. Todos seguiram na Universidade a via de ensino, em ramos especializados. Resta saber se foram para esta via por vocação ou por falta de alternativas.
Saem classificados com uma média final que resulta das classificações dadas pelos vários professores das disciplinas nos vários anos do curso (nota académica) a que se junta a nota dada pelo professor orientador de estágio. Durante estes anos aprendem também a usar as novas tecnologias para fazer delas ferramentas pedagógicas importantes na sala de aula.
As notas distribuem-se pela escala, como sempre, e é por essas que é feita a colocação. Alguns colocam-se sem dificuldade, outros passam anos à espera de lugar ou vão tendo colocações esporádicas a substituir grávidas e doentes. Milhares ficam sem colocação.
Há professores que colocados ou não continuam a estudar e a interessar-se por melhorar as suas práticas. Alguns são sensíveis ao pulsar do seu tempo, às características da escola de hoje, do aluno de hoje, da comunidade que o envolve hoje.
O professor actual tem de ter esta atitude na sociedade de mudança que nos envolve.
A este propósito posso referir o exemplo da professora Adelina Moura de Braga que foi entrevistada pelo jornalista Jorge Fiel para o DN no dia 7 de Dezembro. Contou que está a fazer uma experiência com 30 alunos do 11º ano, ramo profissionalizante e que já deu uma aula online, a partir de casa, com os alunos espalhados por cafés e outros locais. É o conceito da escola nómada a ser posto em prática. Disse coisas como esta: "o telemóvel e os MP3 são ferramentas de ensino mais usadas que o papel e o lápis" ou " os alunos são nados digitais, nós somos estrangeiros digitais" ou ainda " a aula de português anda na bolso dos meus alunos". Deu os endereços de dois blogues: paepica.blogspot.com e choqueefaisca.blospot.pt. Falou também de O Princepezinho em podcast que pode encontrar-se em discursodirecto.podmatic.com e de exercícios de escolha múltipla e palavras cruzadas para descarregar no telemóvel em geramovel.wirenode.mobi e outros ainda.
Esta professora é uma excepção nesta área e, por enquanto, apenas faz uma experiência com 30 alunos, não sei se este projecto seria exequível pelos professores comuns que têm cinco, seis ou sete vezes mais e muitos outros trabalhos para fazer. Seria bom que ela abrisse as aulas para os outros aprenderem na prática e faço votos que não a desviem para fazer conferências "em seco" que só cansam e cumprem calendário.
Todos os professores têm de compreender que o aluno tem que ser ensinado de acordo com o seu tempo e a sua vivência.

in Expresso (Joviana Benedito Profª. aposentada do Ensino Sec. e autora)