A política de educação nos últimos três anos teve como principal objectivo a valorização da escola pública, colocando-a ao serviço dos alunos e das suas famílias, contribuindo assim decisivamente para a diminuição das desigualdades sociais.
Em primeiro lugar, as desigualdades sociais, culturais e económicas no nosso País manifestam-se de muitas formas, condicionando por vezes dramaticamente o trabalho quotidiano das escolas.
A questão mais importante é a de saber qual o contributo que a política educativa e a própria escola pública podem dar para a diminuição das desigualdades sociais.
E esta questão coloca-se no nosso País com particular pertinência porque, como sabemos, Portugal apresenta-se como um dos países mais desiguais do espaço da União Europeia.
Enumero apenas três das iniciativas promovidas por este Governo que considero serem contributos fundamentais para colocar a escola pública portuguesa ao serviço da diminuição das desigualdades sociais:
escola a «tempo inteiro», com acesso universal e gratuito à aprendizagem de inglês, música e actividade física, refeições e transporte escolar para todas as crianças do primeiro ciclo, o que até 2005 era um privilégio de apenas algumas crianças, aquelas cujos pais podiam pagar tais actividades;
a diversificação da oferta formativa de nível básico e secundário, que resultou na criação de cursos profissionais nas escolas públicas, bem como de cursos de educação e formação para jovens com mais de 16 anos que não concluíram o básico. Este foi talvez o desafio mais difícil lançado às escolas públicas, cujos professores responderam com generosidade e sacrifico, dando uma oportunidade a muitos milhares de jovens, alguns dos quais em grave risco de abandono;
o alargamento da acção social escolar, sobretudo para os alunos do ensino secundário com atribuição de subsídios e apoios de alimentação e transporte para todos os alunos dos cursos profissionais, porque se sabe que muito do «abandono precoce» resulta das dificuldades das famílias e da necessidade de «entrada precoce» dos jovens no mercado de trabalho.
Mas, Senhoras e Senhores deputados,
Os relatórios da OCDE apontam também a desigualdade escolar do sistema educativo português como um dos factores explicativos do insucesso escolar.
Não apenas a desigualdade social mas também a desigualdade escolar que, se não for combatida, impede a escola pública de cumprir a sua missão.
A desigualdade escolar manifesta-se na qualidade dos edifícios, mas também no funcionamento e organização das escolas, bem como na afectação de recursos.
Muitas medidas de política educativa, ao longo dos últimos anos, contribuíram para reforçar a desigualdade escolar.
Para dar apenas um exemplo, o sistema de concurso de colocação de professores cego, centralizado e anual foi talvez das medidas que mais contribuiu para reforçar a desigualdade escolar.
Não apenas porque considerava as escolas como sendo iguais, como sujeitava à instabilidade muitas escolas em meios difíceis ou isoladas, onde, por ano, chegavam a ser colocados, para a mesma turma, 12, 15 ou 18 professores.
E assim se reforçava a desigualdade das escolas mais desiguais.
Este Governo realizou o primeiro concurso de colocação de professores por três anos, oferecendo aos professores, às escolas e aos alunos, condições de estabilidade e responsabilização, condições para a concretização do princípio da continuidade pedagógica essencial no sucesso educativo.
Enumero apenas algumas das outras iniciativas lançadas, que certamente vão melhorar as condições físicas, de conforto, de organização e de recursos nas nossas escolas, convergindo para o objectivo de elevar o nível de qualidade médio das escolas públicas, diminuindo as desigualdades escolares:
o programa de renovação da rede de escolas de primeiro ciclo, com o encerramento das escolas isoladas, com poucos alunos e promotoras do insucesso, onde só ficavam os alunos cujos pais não tinham recursos para os transportar para outra escola, resolvendo um problema identificado há mais de 20 anos;
a promoção do horário de funcionamento normal em todas as escolas, reduzindo os chamados horários em regime de desdobramento;
a criação do programa de construção de centros escolares financiado por fundos comunitários.
Com estas iniciativas a rede de escolas de primeiro ciclo não será mais a rede que herdámos do Estado Novo, nem no espaço físico, nem no seu funcionamento, nem nos recursos escolares e culturais acessíveis a todos os alunos.
O programa de intervenção nas escolas em meios difíceis, o Programa TEIP, que abrange já 26 agrupamentos de escolas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, às quais são afectos recursos adicionais, discriminando positivamente as escolas em meios mais difíceis.
A criação de uma linha de financiamento no Programa Operacional Potencial Humano que permitirá abranger mais escolas, através da extensão do conceito a outras regiões do País onde problemas de emigração, desemprego ou sub-emprego desqualificado tornam o trabalho das escolas particularmente difícil.
O programa de modernização das escolas secundárias e o plano tecnológico que permitirá preparar o espaço físico e equipar as escolas para o futuro, melhorando muito as condições de trabalho de professores e alunos.
Até ao final do ano lectivo estarão envolvidas mais de 100 escolas secundárias no programa de modernização, estará actualizada a largura de banda de acesso à Internet em todas as escolas, estarão em fase avançada os concursos das redes locais, dos kits tecnológicos, dos sistemas do cartão do aluno e da video-vigilância.
A ocupação plena dos tempos escolares dos alunos (vulgarmente designado por aulas de substituição) e os percursos curriculares alternativos, responsabilizando as escolas pela valorização e o reforço dos tempos de trabalho dos professores com os alunos, à semelhança do que acontece nas melhores escolas de referência.
O Plano Nacional de Leitura e o Plano de Acção para a Matemática que combinam a afectação de recursos às escolas com a criação de dinâmicas valorizadoras das práticas profissionais dos professores.
A alteração ao Estatuto da Carreira Docente no que respeita sobretudo ao regime de avaliação e a sua articulação com a progressão na carreira, as exigências à entrada na profissão e a estruturação vertical em duas categorias, são princípios que visam adequar este importante instrumento de gestão dos recursos humanos mais qualificados às necessidades de melhoria do funcionamento das escolas.
A alteração ao Regime de Gestão e autonomia das escolas obedece às mesmas preocupações: dotar as escolas de enquadramento que permita reforçar as lideranças, abrir a escola ao exterior e à participação qualificada de outros parceiros, aprofundar as suas competências e autonomia.
A alteração ao Estatuto do Aluno teve como principal objectivo a devolução da autoridade às escolas e aos professores, mas também responsabilizar os pais ou encarregados de educação de forma mais eficaz.
Senhoras e Senhores deputados,
O que conforta o Governo, a política educativa e as decisões dos últimos três anos, são os resultados: mais eficiência na organização das escolas, lideranças mais fortes, funcionamento das escolas orientado para os alunos e para as suas famílias, mais alunos e melhores resultados, menos abandono e menos insucesso escolar.
Muitas acções e medidas concretas para a valorização da escola pública.
Não é retórica, nem uma mão-cheia de boas intenções.
Fonte: Portal do Governo
quarta-feira, 19 de março de 2008
Intervenção da Ministra da Educação na interpelação parlamentar do PCP sobre educação
Etiquetas: Escolas, Professores
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Artigo de opinião
O MP3 e o telemóvel como ferramentas pedagógicasHoje todos os professores têm como formação inicial um curso superior seguido de um estágio pedagógico que pode ser integrado ou não. Todos seguiram na Universidade a via de ensino, em ramos especializados. Resta saber se foram para esta via por vocação ou por falta de alternativas.
in Expresso (Joviana Benedito Profª. aposentada do Ensino Sec. e autora)
Saem classificados com uma média final que resulta das classificações dadas pelos vários professores das disciplinas nos vários anos do curso (nota académica) a que se junta a nota dada pelo professor orientador de estágio. Durante estes anos aprendem também a usar as novas tecnologias para fazer delas ferramentas pedagógicas importantes na sala de aula.
As notas distribuem-se pela escala, como sempre, e é por essas que é feita a colocação. Alguns colocam-se sem dificuldade, outros passam anos à espera de lugar ou vão tendo colocações esporádicas a substituir grávidas e doentes. Milhares ficam sem colocação.
Há professores que colocados ou não continuam a estudar e a interessar-se por melhorar as suas práticas. Alguns são sensíveis ao pulsar do seu tempo, às características da escola de hoje, do aluno de hoje, da comunidade que o envolve hoje.
O professor actual tem de ter esta atitude na sociedade de mudança que nos envolve.
A este propósito posso referir o exemplo da professora Adelina Moura de Braga que foi entrevistada pelo jornalista Jorge Fiel para o DN no dia 7 de Dezembro. Contou que está a fazer uma experiência com 30 alunos do 11º ano, ramo profissionalizante e que já deu uma aula online, a partir de casa, com os alunos espalhados por cafés e outros locais. É o conceito da escola nómada a ser posto em prática. Disse coisas como esta: "o telemóvel e os MP3 são ferramentas de ensino mais usadas que o papel e o lápis" ou " os alunos são nados digitais, nós somos estrangeiros digitais" ou ainda " a aula de português anda na bolso dos meus alunos". Deu os endereços de dois blogues: paepica.blogspot.com e choqueefaisca.blospot.pt. Falou também de O Princepezinho em podcast que pode encontrar-se em discursodirecto.podmatic.com e de exercícios de escolha múltipla e palavras cruzadas para descarregar no telemóvel em geramovel.wirenode.mobi e outros ainda.
Esta professora é uma excepção nesta área e, por enquanto, apenas faz uma experiência com 30 alunos, não sei se este projecto seria exequível pelos professores comuns que têm cinco, seis ou sete vezes mais e muitos outros trabalhos para fazer. Seria bom que ela abrisse as aulas para os outros aprenderem na prática e faço votos que não a desviem para fazer conferências "em seco" que só cansam e cumprem calendário.
Todos os professores têm de compreender que o aluno tem que ser ensinado de acordo com o seu tempo e a sua vivência.
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